sábado, 22 de agosto de 2009

RIO FIÚZA E SUA HISTÓRIA - PARTE IV

JORNAL HOJE SB - 22 de agosto de 2009
Direito ambiental LII – E quando o fiúza secar?
Paulo Roberto Wengrant
Neste artigo queremos alertar a nossa comunidade e os poderes públicos para que estes, desde já, busquem alternativas de abastecimento de água para a população, pois dependemos quase 100% das águas do nosso sofrido Rio Fiúza. E o que faremos se este se tornar intermitente ou secar? O seu fundo esta bem visível nesta seca prolongada, o que com as mudanças climáticas em curso deve acontecer mais seguidamente e com mais severidade.
Também estamos cobrando há muitos anos a mudança do ponto de captação da água pela Corsan que hoje esta na área urbana e o Fiúza recebe antes deste ponto sete riachos com esgoto e incontáveis pontos de entrada de esgoto de toda a espécie. Imaginem o que ele recebe abaixo! Pois como não temos uma rede de esgoto cloacal, muitas residências usam o sistema pluvial, que deveria ser só para água da chuva ou tratada. Assim este esgoto acaba sempre nas águas do Fiúza, tanto é que um exame realizado constatou que após a área urbana existe em suas águas 16 vezes, ou seja 1600%, mais coliformes fecais do que o aceitável. Esta mudança do ponto de captação, segundo as notícias divulgadas pela Corsan na imprensa local, deve acontecer brevemente. Quanto antes melhor, e que fique bem distante a montante do início da área urbana. Nosso Fiúza, que primeiramente se chamava Córrego Corticeira, posteriormente passou a chamar Fiúza devido que o Sr. Angelino Fiúza pelo fim do século XIX possuía uma venda próxima ao passo do rio, onde hoje é a ponte entre os bairros Vila Nova e Serrana, e como os tropeiros que passavam por lá, acabaram denominando este passo de Passo do Fiúza, nome que depois foi transferido ao Rio. O Fiúza nasce no meio do campo em Santa Bárbara, desce recebendo vários riachos, passa pela área urbana de Panambi e depois em Rincão Fundo se une ao Rio Palmeira e depois ao Caxambú, passando a receber o nome de Ijuí.
Na nossa região já aconteceram muitas seca no passado, mas estas estão se tornando mais e mais freqüentes, e como a população e suas necessidades também aumentaram, ate quando o Fiúza vai suprir as nossas necessidades de água? Pois se o Fiúza secar, imagine os seus afluentes. Sorte nossa que o fundo do rio é rocha. Os poços comuns e os artesianos também são limitados, pois também dependem de reabastecimento pela chuva e absorção da água pelo solo. A nossa opção mais próxima é o Rio Caxambú e o Rio Palmeira, mas se tivermos problemas com o Fiúza, estes também estarão com problemas, pois nascem na mesma região. O Aqüifero Guarani, é uma excelente fonte, mas também depende do reabastecimento pela água da chuva e a sua extração é mais complicada. Alguma coisa precisa ser feita urgentemente, não podemos deixar o problema acontecer para então procurarmos uma solução, uma saída e desde já unirmos as forças da comunidade em prol das fontes desta água, e o principal trabalho que precisa ser feito é a proteção dos nascedouros de água e dos banhados ainda existentes e as áreas de entorno destas, conhecidas como áreas de preservação permanente (APP).
Um dos trabalhos em defesa da água e por que não da vida é o projeto Fiúza verde, que já foi implantado em 2008 desde a nascente do Fiúza até a cidade de Panambi e que agora ira se estender ao restante do Fiúza e também ao Caxambú e o Palmeira. O esforço que a comunidade irá fazer é no sentido do replantio da mata ciliar em suas margens em largura mínima de 30 metros com espécies nativas da nossa região. Árvores estas que contribuirão com a proteção dessas águas destes rios beneficiado a todos, tanto a população do meio rural quanto a cidade, pois todos dependem da água para sobreviver. Quanto mais árvores forem plantadas, mais seremos beneficiados, pois estas contribuem com a infiltração da água no solo, ajudam a regular a chuva e também absorvem o excesso de carbono na atmosfera entre outros incontáveis benefícios. Também precisamos utilizar estes pensamentos nas próximas gerações, precisamos usufruir sem prejudicar, ou estaremos furtando o futuro destas.
Algo ainda pode ser feito pelas águas, ou será que já é tarde? No nosso entender ainda podemos mudar o mundo para melhor e conviver com o meio ambiente, mas de outra forma, passando de destruidores para “conviventes” em harmonia o quanto possível com a natureza. Algumas coisas simples que precisamos fazer para que o pior não aconteça:
1) Recuperar as Áreas de Preservação Permanente que foram degradadas e respeitar as existentes. Precisamos replantar as beiras dos rios, riachos e nascentes.
2) Banhados são reservatórios de água, pois quando chove muito estes seguram a água e depois vão liberando aos poucos; conseqüentemente estes devem ser preservados.
3) Nascentes, são os berços da água; se destruído o berço será destruído o fruto do berço. Estas devem ser protegidas e recuperadas.
4) Economia de água, que é imprescindível e urgente.
5) Conscientizar que a água é um bem da humanidade limitado, não é possível fabricar água, a que temos existe desde a criação do mundo.
6) Reusar o máximo possível, cada unidade residencial ou comercial poderia ter um sistema de aproveitamento da água da chuva, como as antigas cisternas.
7) Plantar árvores em qualquer espaço disponível, quanto mais árvores, melhor para todos.
Também não existem soluções prontas para mais este desafio, estas devem ser buscadas pela comunidade. Deus deu sabedoria para o homem resolver seus problemas, e este quando tem um desafio pela frente, tem a capacidade de encontrar uma solução. Cidadão não fique se perguntando somente: O que eu posso fazer? Cada um deve e pode fazer a sua parte e também cobrar o encaminhamento do assunto dos eleitos para comunidade para administrar os seus desafios. Estes estão lá para isso. Todos devem e podem contribuir com o meio ambiente e em especial com a questão colocada. São nas pequenas coisas que começam as grandes mudanças. Quanto ao momento da mudança de comportamento em relação ao meio ambiente, este é hoje, antes que seja tarde, pois caso contrário o futuro de nossos filhos estará em risco. Passemos à ação do pequeno ao grande.
O autor é advogado é membro
da Arpa Fiúza, do conselho municipal
do Meio ambiente de Panambi
e do comitê da bacia hidrográfica do Rio Ijuí.

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